quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Depois de um intervalo para rabanadas



Ouvir isto com atenção e tal e depois passar para o Mongrel, novo CD de Mário Laginha.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Um escritor argentino

(...) la trompeta, pero sólo como desahogo. Soy pésimo. El jazz ya me interesaba en Buenos Aires. Recuerdo que transitábamos con los primeros temas de Armstrong de casa en casa buscando tocadiscos para oírlos. En aquellos tiempos un tocadiscos era cosa seria. Eramos una comunidad secreta."

in Julio Cortazar - La biografia de Mario Goloboff

Por falar em Horace Silver

Depois do Sundown Club, Horace Silver mantêm uma estreita ligação com Stan Getz num percurso que durou um breve período de dois anos. Foi o quanto bastou para lançar este pianista do Conneticut. Sem esquecer as suas raízes lusófonas Horace Silver lança pelas mãos da Blue Note o álbum Song for My Father. Com a bossa-nova a pairar a saltar em cada tecla, o piano de Horace desbrava os ritmos do mato da Amazónia quando no mesmo ano, sem arrumar os calções de praia, edita o álbum The Cape Verdean Blues (Blue Note). 

Da mesma editora - a que Silver se manteve fiel por largos anos - temos um belissimo álbum de Sonny Rollins em que Horace faz parelha com Thelonious Monk e reproduzimos aqui em baixo.


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Isto é uma violência do caraças, catano, camandro*




*do caralho para ser mais preciso.

A originalidade encontra a linguagem e vão os dois passear

A propósito dos géneros musicais e daquilo que poderá ser um critério geral válido da arte, uma coisa me parece essencial: a originalidade. Sem originalidade - conceptual ou técnica, por exemplo - não existe obra de arte. E isto é, por si só, um elemento de estimulo para nunca nos fecharmos em "safe zones". Mas originalidade é também não esquecer o papel da linguagem.
A arte manifesta-se num contexto histórico, social e por aí fora. Podemos romper com os cânones, virar a linguagem precedente ao contrário e, mesmo assim, utilizamos necessariamente uma linguagem. E há que cuidar desta (ou outras) linguagem(ns),  Como diz Arnold Hauser "a arte não é a língua mãe da humanidade (...) muito menos uma linguagem universal compreensível a todos o tempo todo". Uma obra de arte apenas com elementos puros de criatividade corre o risco de se tornar incompreensível, havendo, no melhor dos casos, auto-sugestão.

Agora ponham-se para aí a bufar nas vuvuzelas e digam que é vanguarda.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Por falar em Getz


Com Cabo-Verde para trás, John Tavares lá fez um filho. Saiu-lhe de uma senhora de nome Gertrudes, uma arraçada de irlandeses e africanos. Horace Silver foi o parido. Senhor de pianos que marcavam o hard bop, balançou nas melodias do soul jazz e nas ancas da música latino-americana. Senhor com humor, esse Horace, pelo menos é o que dizem.

E com o Stan Getz cá em baixo, vou fazer o favor que seja Horace Silver o seguinte, visto ser uma descoberta do saxofonista enquanto o trio de Horace Silver fazia de back-up band ao Getz, num concerto em Connecticut.

Beijinhos e abraços, é assim que o jazz funciona.

Até queria dizer qualquer coisinha

É crime sim senhor


Quatro moços, presos na indústria cinematográfica italiana dos anos 70 e, em especial, nas belas bandas sonoras que na altura fervilhavam nas mentes de Franco Micalizzi, Ennio Morricone e os irmãos De Angelis, decidem andar aos tiros com o funk. Calibro 35 é um projecto italiano nascido em 2007 que mostra o magnífico funk que se faz, não apenas além-anos70, mas além-América. Um projecto consistente que resgata os Poliziotteschi dos anos 70 para lhe acrescentar um fundo contemporâneo agressivo. Apesar de os disparos serem lançados por umas guitarras a roçarem no som explosivo dos Whitefield Brothers, o calibre é claramente desenhado pelo ambiente espacial das bandas sonoras italianas.
Uma progressão tão natural dos trabalhos em que se influenciam que chega a assustar.

Garra na hora de dar o tiro e classe na hora de bafejar o fumo do cano.


domingo, 21 de novembro de 2010

Sparks - The rhythm thief


Parte integrante dum album no minimo estranho chamado Lil'Beethoven.

Lil'Beethoven é um album de 2002 dos Sparks, que desta vez adoptam um som mais orquestral para este trabalho.
As cordas, várias camadas de vozes, o piano e os tímpanos substituem o groove e os sintetizadores, a que estes dois irmãos nos habituaram.

Uma história, uma revolta, um apelo, um grito de agonia, e a ironia são o mote deste disco, lembrando o velho Steve Reich, sonhos febris de eterna repetição progressiva no que diz respeito ao texto.

Aqui fica o tema de abertura e apresentação do álbum. Grande clip.

I am the rhythm thief
Say goodbye to the beat
I am the rhythm thief
Auf wiedersehen to the beat

Oh no, where did the groove go, where did the groove go, where did the groove go?
Lights out, Ibiza
Where did the groove go, where did the groove go, where did the groove go?

You'll never get it back, you'll never get it back,
The rhythm thief has got it and you'll never get it back
You'll never get it back, you'll never get it back,
The rhythm thief has got it and you'll never get it back
You'll never get it back, you'll never get it back,
The rhythm thief has got it and you'll never get it back

Lights out, Ibiza
I am the rhythm thief
Goodbye, goodbye, goodbye






sábado, 20 de novembro de 2010

Improvisationen


Thomas & Henry Kiefer "Improvisationen Über Edoardo-Antonius Eumel" Switzerland, 1980

A música em si

"Todos os impulsos, as emoções, as manifestações de vontade imagináveis, todas estas contingências da alma humana lançadas pela razão na imensidade negativa da noção de sentimento, podem ser expressas por meio da multidão infinita das melodias possíveis, mas sempre exclusivamente na generalidade da forma pura, sem a substância, sempre somente como coisa em si, e não como aparência , de algum modo como a alma da aparência, incorporalmente."

in A origem da tragédia

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

De Itália a Portugal passando pelo País Basco



Beñat Achiary



"A verdade é que todavia eu prefiro tocar a minha música não com um órgão, que é um instrumento próprio das catedrais, mas com uma harmónica , que se pode ter numa tasca(...)"


António Tabucchi in Requiem (tradução do italiano, ainda que este livro tenha sido escrito em português)